domingo, 28 de junho de 2009

Reflexões de alguns livros que me marcaram!

Um dos preconceitos mais conhecidos e mais espalhados consiste em crer que cada homem possui como sua propriedade certas qualidades definidas, que há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e assim por diante. Os homens não são feitos assim. Podemos dizer que determinado homem se mostra mais frequentemente bom do que mau, mais frequentemente inteligente do que estúpido, mais frequentemente enérgico do que apático, ou inversamente; mas seria falso afirmar de um homem que é bom ou inteligente, e de outro que é mau ou estúpido. No entanto, é assim que os julgamos. Pois isso é falso. Os homens parecem-se com os rios: todos são feitos dos mesmos elementos, mas ora são estreitos, ora rápidos, ora largos, ora plácidos, claros ou frios, turvos ou tépidos.

Leon Tolstoi, in 'Ressurreição'

Modos de construir uma personalidade, ou os oito problemas principais: Queremos simplificar-nos, ou diversificar-nos?

Queremos ser mais felizes, ou mais indiferentes à felicidade e à desgraça? Queremos ficar mais satisfeitos connosco, ou mais exigentes e mais impiedosos?

Queremos tornar-nos mais amigáveis, mais indulgentes, mais humanos, ou mais desumanos? Queremos ser mais prudentes, ou mais impulsivos?
Queremos atingir um fim, ou evitar todos os fins - como, por exemplo, faz o filósofo para o qual toda a espécie de fins tresanda, despropositadamente, a limites impostos, mesquinhez, prisão, toleima?
Queremos ser mais respeitados e mais importantes, ou mais desconsiderados?
Queremos tornar-nos tiranos, ou impostores? Pastores, ou carneiros?


Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'

A nossa personalidade deve ser indevassável, mesmo por nós próprios: daí o nosso dever de sonharmos sempre, e incluirmo-nos nos nossos sonhos, para que nos não seja possível ter opiniões a nosso respeito. E especialmente devemos evitar a invasão da nossa personalidade pelos outros. Todo o interesse alheio por nós é uma indelicadez ímpar. O que desloca a vulgar saudação - como está? - de ser uma indesculpável grosseria é o ser ela em geral absolutamente oca e insincera.

Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'

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